De entre tantos retalhos que tem esta manta, de entre tanta poeira tanta, ficas mais perdido será? Penso que não, ficas apenas mais coberto, não do pó que te ensombra a mente mas dos retalhos de tudo o que te aconteceu ao longo da vida. È apenas chato e inverosímil, que tenhas de ser tu a tirar todas essas capas, que ao longo de décadas foste coleccionando para te poderes proteger, não do mal que te aconteceu, porque esse sim serviu para apreender toda a essência da vida e de tudo o que naqueles momentos nos parece o fim da linha, o problema mais irresolúvel de toda a história, em última analise esse problema é, isso sim, a nossa força o nosso empenho, a nossa garra. Estranho termos de concluir então que um problema é bom e muitos problemas serão melhor? Nem sempre a aglomeração de algo ou a aglutinação de muita coisa é bom. Há vezes em que não resumir, não relativizar é quase tão proveitoso como o contrario. Pensado bem, nós queremos sempre algo que seja, escorreito, digerível, fácil de se entender, mas teimosa, a vida insiste em pôr-nos á frente pratos cheios de tudo aquilo que menos gostamos, ou que, por alguma razão, evitaríamos se tivéssemos de escolher. Mas a verdade é que não podemos ser nós a escolher tudo, somos nós a decidir sim, somos nós a tentar controlar sim, mas a pergunta é, somo nós a decidir e vemos todas as consequências? Somos nós realmente a conseguir controlar algo?
Tantas são as vezes que penso em mim como se fosse outra pessoa, outra historia que não a minha. Pode até parecer menos natural, para não dizer pior… Mas a verdade é que isso me ajuda a pensar nas coisas de forma diferente, a conseguir ver o problema mais claro e evidente á minha frente. O pensamento voa mais liberto, porque não está enclausurado nos limites de uma só vida, não se deixar limitar pelas circunstâncias que tantas vezes nos turvam a consciência daquilo que temos e devemos fazer, dizer ou fazer sentir. A serenidade de saber que todas as coisas, pessoas e situações não são mais do que capítulos de um livro, ou cores de um desenho, ou ideias de um desejo. A serenidade é saber que não se sabe tanto que chega a ser assustador apercebermo-nos do que ainda teremos de aprender. È se verdade sem ser reconfortante, mas é saber que isso não nos levará a nenhum precipício emocional, que não nos atirará lá para o fundo e que mesmo que nos atirasse, nós naturalmente saberíamos como voar.
fruindo
Há 12 anos
2 comentários:
sempre te achei chanfrado e continuas mas agora és um poeta om uma alma (se ela existe)sem tamanho nunca pares de ser poeta chanfrado
adorei beijos
governanta
Bem verdade! É com problemas que crescemos. Das coisas menos boas que nos acontecem tiramos lições para nós proprios, dessa forma vemos o lado positivo de algo que foi "negro". Adoro "ler" o que sentes quando escreves, continua! Beijinhos Lila
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