Quero

Quero ser mais forte que o vento que sopra,
Ter mais coragem do que o medo que se me acerca,
Mas para isso preciso de ti.

Quero ser mais infinito que o oceano,
Ser mais real que o ultimo dos meus sonhos,
Mas para isso preciso de ti.

Quero o meu coração de volta,
dá-me a vontade de ser eu novamente, 
Mas para isso preciso de ti.

Paro e penso um pouco no que aprendi,
Penso no que dei, senti e e cresci,
E sei... que já não preciso de ti! 

Vida

Sobre pouco nos vamos deitando,

Pensado que muito ainda temos para nos tapar,
A Ilusão é assim mesmo. Corre sem parar!
Então aquilo que nos fez construir com propósito,
Que nos fez acreditar que podíamos conquistar o futuro,
Faz-nos cair na realidade de chão duro.

Pensando a quente veremos o mau que foi,
O quando doeu chegar ali e merecer ficar,
Mas pará, escuta e olhando deixa passar.

Nos olhos, nas mãos, em toda a nossa pele,
Está escondida a solução que queremos atingir,
Corre naquele pensamento que já te quis fugir!

É tudo aquilo de que precisas, mas nem sempre o que queres,
Tudo aquilo que identificas,tens e esperas,
Não... são só um monte de linhas sinceras.

Uma gota de nós

Só ser eu já me deu trabalho suficiente,
só demonstrar-me parece ser inconsequente,
Mas que faço eu? Só para ser coerente?

Mas depois bebo de ti sabores de um outro mundo, 
Mais completo, complexo e em tudo tão profundo,
Disfarçado de simplicidade para que não vejamos o fundo.

Sempre que as mão acariciam as linhas que o teu corpo tem,
Acariciam os olhos os lábios e brotam da alma que o corpo tem,
Mas mesmo sem mais nada o o corpo e o espírito se mantém.

Não esperes que me agarre a nada, para poder libertar tudo o que sou,
Porque dando tudo o que tenho dou tudo o que sou.

Saber o que não sei

Um pedaço de vento é o que sou,
uma parte de algo indivisível.
Sou o que sou, sem que isso seja visível,
mas mais que isso sou o que te dou.

Lembrar é uma parte importante,
é mostrar ou que se aprendeu ou que não se esqueceu,
mas será sempre pouco para alguém assim como eu,
que quer sempre mais acção a cada instante.

Algo me empurra para dentro de mim,
como que uma introspecção que quer forçada.
Para me desvendar assim? em troca de um nada?
Mas não é isso que sou? Não devo ser assim?

Acabo os dias sempre com mais perguntas,
daí se poderia deduzir com menos certezas,
A pergunta liberta, não me deixa as mão presas,
Saber o que não sei, deixa-me onde me encontras!

Lentamente mortal

Em pé no meio de todas as ruínas,
olha em redor cheio de ansiedade,
não distingue o sonho do que é verdade,
só pensa naquilo que tu abominas.
Então fica hirto a sentir a vibração,
é nova e displicente em ali estar,
ele serro mordaz mais um para jogar,
é bom sentir (se) aquela desilusão!
Do infeliz que ficou preso naquele sonho...
- Deves ser tu o meu novo brinquedo suponho!

Fala calmamente e não levanta o pó,
e cheira o próximo pedido chorosa "daquilo",
para ser rápido... mas não consegue impedi-lo!
Ele é lento meticuloso doentio e só.
Depois de tantos cortes em tantas direcções,
A "coisa" já se cansou de tentar responder,
Na esperança de o adormecer de ele já não querer,
Mas ele esperava isso e também gosta de inacções.
É um prazer doce, ver a impotência e o desespero,
a crescer e devorar a alma de quem já nada espero.

Já nem a incapacidade o pára agora,
já não faz diferença em que lado da vida ele mora!

Não (te) condenes

Muitas das vezes em que pensamos estar presos,
Acorrentados apenas aos nossos próprios erros,
Essas prisões são apenas escolhas que inconscientes fazemos,
Para não sairmos do nosso conforto de seres parcialmente pêrros.

Ao invés de nada dar-mos a quem pouco ou o mesmo nos deu,
Pensamos: Se não me dá nada é porque precisa mais do que eu?
Mas a sociedade é egoísta e ignora o que antes aprendeu.

Era fácil deitar as cuspas para o lixo sem ter de se reciclar,
Porque é que não aprendo apenas a compreender e aceitar.
O medo trava e turva o caminho e a esperança, Mas eu não posso parar.

As ferramentas que preciso estão nos olhos de quem me vê,
Um sorriso aberto cura tudo o que mais ninguém lê.

Há mais do que o que vês!

Há mais do que as gotas que agora vês,
Sim, digo agora, porque antes não havia definição,
Não era capaz de uma vez, captar a realização.

Há muito do vento que nos transborda pela pele,
Que só nos quer afugentar a poeira nociva para nós,
O passado fugimos dele, a vida trata de correr para a foz!

Maus tratos psicológicos ficam gravados por muito tempo,
E a pessoa nua da sua dignidade já nem pessoa é, não existe,
A realidade é o momento, é nele que toda a variável persiste!

A cara já não mostra nada porque é habituada a esconder,
Então tudo o que acontece distorce para algo mais leve e solto,
Sempre a condescender e não se educa o ser que é em si absorto.

Objectos espalhados num raio demasiado grande para uma pessoa só,
Por cima e em baixo de todas as menores lutas que alguém ali teve,
Tentando estar em cima da mó, mas roda tanto que ninguém se susteve.

São agora apenas correntes de ar num céu infinito de normalidade,
Sorrisos já não se fabricam nem com o corante amarelo da falsidade!
Intrínseca esta verdade… Qual é o preço que pagas para remover a maldade?

Verdades Retorcidas

Estou deserto para sair desta multidão de desconhecidos,
Estou tão certo de mais esta decisão que todos ficarão esclarecidos.

Achares que é por ignorância que não faço uma parte de tudo
Faz-me chorar interiormente por ti e por mim ao mesmo tempo
Por ti porque não me (re)conheces e a ti porque não te conheço.

Digo-te que as feridas não saram mais porque já não tenho plaquetas,
E pensas que já nem sangro porque já passou demasiado tempo?
Mas enganas-te mais redondamente que o circulo mais perfeito.

Não te atrevas sequer a pensar que algo do que tenho é herdado de ti,
Faça apenas o que quer, o proponha-se a pesar o que me levou ao que decidi.

Juras são mentiras fugazes que nos turvarão o futuro,
E se não entendes isto não faças de conta que me compreendes,
Não te autorizo a pensares ou a fazer de conta que sou eu!

Eu rasgo e parto e corto tudo aquilo em que consigo tocar,
Tu dizes que é normal esta fome que tenho de poder,
Eu não quero saber ao que sabe a tua esperança em mim.

Pára já! Não me podes concertar mais vez nenhuma!
Já não há! Fica a esvaziar que a esperança para mim é espuma!

A serenidade

De entre tantos retalhos que tem esta manta, de entre tanta poeira tanta, ficas mais perdido será? Penso que não, ficas apenas mais coberto, não do pó que te ensombra a mente mas dos retalhos de tudo o que te aconteceu ao longo da vida. È apenas chato e inverosímil, que tenhas de ser tu a tirar todas essas capas, que ao longo de décadas foste coleccionando para te poderes proteger, não do mal que te aconteceu, porque esse sim serviu para apreender toda a essência da vida e de tudo o que naqueles momentos nos parece o fim da linha, o problema mais irresolúvel de toda a história, em última analise esse problema é, isso sim, a nossa força o nosso empenho, a nossa garra. Estranho termos de concluir então que um problema é bom e muitos problemas serão melhor? Nem sempre a aglomeração de algo ou a aglutinação de muita coisa é bom. Há vezes em que não resumir, não relativizar é quase tão proveitoso como o contrario. Pensado bem, nós queremos sempre algo que seja, escorreito, digerível, fácil de se entender, mas teimosa, a vida insiste em pôr-nos á frente pratos cheios de tudo aquilo que menos gostamos, ou que, por alguma razão, evitaríamos se tivéssemos de escolher. Mas a verdade é que não podemos ser nós a escolher tudo, somos nós a decidir sim, somos nós a tentar controlar sim, mas a pergunta é, somo nós a decidir e vemos todas as consequências? Somos nós realmente a conseguir controlar algo?
Tantas são as vezes que penso em mim como se fosse outra pessoa, outra historia que não a minha. Pode até parecer menos natural, para não dizer pior… Mas a verdade é que isso me ajuda a pensar nas coisas de forma diferente, a conseguir ver o problema mais claro e evidente á minha frente. O pensamento voa mais liberto, porque não está enclausurado nos limites de uma só vida, não se deixar limitar pelas circunstâncias que tantas vezes nos turvam a consciência daquilo que temos e devemos fazer, dizer ou fazer sentir. A serenidade de saber que todas as coisas, pessoas e situações não são mais do que capítulos de um livro, ou cores de um desenho, ou ideias de um desejo. A serenidade é saber que não se sabe tanto que chega a ser assustador apercebermo-nos do que ainda teremos de aprender. È se verdade sem ser reconfortante, mas é saber que isso não nos levará a nenhum precipício emocional, que não nos atirará lá para o fundo e que mesmo que nos atirasse, nós naturalmente saberíamos como voar.

Um dia o Sol brilha

Um poema feito para a Tatiana :) espero que tu e a Suh tinham gostado! Foi como se fosse para a minha família :)


Um dia o Sol brilha sem pedir licença,
No outro só nos torra a pouca paciência,
E já não consigo ter mais condescendência!

Podia perguntar a Lua que é que se passou,
O luar ilumina a escuridão por onde o meu ser passou,
E passa. Ainda passa… Calma tudo passa..

No semblante na voz e no olhar trazes-te a ti,
Mas retalhada em pedaços que eu nunca perdi,
Para poder mais tarde junta-los contigo, juntas sem fim.

Olha para as palavras e vê-me por favor,
Olha para tudo o que vês em teu redor,
Não sintas só saudades sente muito mais o calor...

Tu és toda sorrisos, timidez e muito coração,
Eu sou toda carinho, brincadeira e protecção,
Juntos não somos duas somo uma porque somos união.

Achaste que o mundo caiu quando viste aquele dia chegar,
Achaste que tudo foi uma derrocada que não vai parar?
Como achas que eu fiquei quando te senti chorar?

Ser é recordar

este poema foi feito depois de ter emitido o meu programa a falar sobre a doença de Alzheimer. Um tema que me tocou bastante!


São seladas à força, com cuspo,
As recordações que se mantêm como tal,
Tremulas miragens, em forma de susto,
Que agora te deixam quase em transe mental!

Todos os gestos sem valor, já não ficam,
Como coisas que nos autorizamos a lembrar,
Os teus dias já não esticam, porque não estão a passar.

Nos raros momentos em que dás a mão ao passado,
A tua cara ganha a vida que a ausência tirou,
Completas então um circulo agora sim fechado,
Mesmo que só por momentos o teu mundo não parou!

Não consigo lembrar-me da ultima vez,
Do que consegui ver em ti nesse dia... Finalmente!
Repete lá outra vez peço, em surdina, cordial e friamente.

Afasto-me da cadeira, ou do sitio onde estás,
Digo, penso e faço, com que este nosso problema seja teu,
Fiz tudo o que quis poder fazer, mas tanto faz,
O medo é humano e foi ele que me venceu.

Mais uma vez culpei tudo... quando fui eu a falhar,
O meu castigo é que ser é.. recordar!

Ler mais: http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=170032#ixzz1AjSAocGs
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Apenas e agora

Aqui fica a minha homenagem ao Carlos Castro mas mais do que só a este homem, fica a homenagem a uma pessoa a quem tiraram a vida de maneira tão grotesca!


A alegria de poder estar lá dentro,
E ter alguém a quem posso dar tudo,
Partilhando o momento, e ele com um sobretudo...

Desejava que visse tudo menos a pessoa aparente,
Para poder partilhar cada gota do meu sonho,
Mas via mais a frente... E logo eu que a nada me oponho.

Ficar preso naquele instante decisivo,
Em que escolhi mais uma vez não ter medo,
Lamento não fui acertivo o coração falou mais cedo.

É da incompreensão de muitos de nós que vivo,
Será bom ter de explicar-vos tudo o que sei?
Será vantajoso deixar o crivo? por quem passarei?

Numa bolha de esperança e todas as outras coisas,
Sou um ser que só se completa com outro alguém,
Imperfeito o terreno onde pisas... E eu também!

Quem será o próximo para decidir a nossa sorte,
Porque deixei eu de acreditar na falsidade e na hipocrisia,
Chegaste ao teu cenário de morte.. Adeus Carlos até um dia!

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