Ser é recordar

este poema foi feito depois de ter emitido o meu programa a falar sobre a doença de Alzheimer. Um tema que me tocou bastante!


São seladas à força, com cuspo,
As recordações que se mantêm como tal,
Tremulas miragens, em forma de susto,
Que agora te deixam quase em transe mental!

Todos os gestos sem valor, já não ficam,
Como coisas que nos autorizamos a lembrar,
Os teus dias já não esticam, porque não estão a passar.

Nos raros momentos em que dás a mão ao passado,
A tua cara ganha a vida que a ausência tirou,
Completas então um circulo agora sim fechado,
Mesmo que só por momentos o teu mundo não parou!

Não consigo lembrar-me da ultima vez,
Do que consegui ver em ti nesse dia... Finalmente!
Repete lá outra vez peço, em surdina, cordial e friamente.

Afasto-me da cadeira, ou do sitio onde estás,
Digo, penso e faço, com que este nosso problema seja teu,
Fiz tudo o que quis poder fazer, mas tanto faz,
O medo é humano e foi ele que me venceu.

Mais uma vez culpei tudo... quando fui eu a falhar,
O meu castigo é que ser é.. recordar!

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Apenas e agora

Aqui fica a minha homenagem ao Carlos Castro mas mais do que só a este homem, fica a homenagem a uma pessoa a quem tiraram a vida de maneira tão grotesca!


A alegria de poder estar lá dentro,
E ter alguém a quem posso dar tudo,
Partilhando o momento, e ele com um sobretudo...

Desejava que visse tudo menos a pessoa aparente,
Para poder partilhar cada gota do meu sonho,
Mas via mais a frente... E logo eu que a nada me oponho.

Ficar preso naquele instante decisivo,
Em que escolhi mais uma vez não ter medo,
Lamento não fui acertivo o coração falou mais cedo.

É da incompreensão de muitos de nós que vivo,
Será bom ter de explicar-vos tudo o que sei?
Será vantajoso deixar o crivo? por quem passarei?

Numa bolha de esperança e todas as outras coisas,
Sou um ser que só se completa com outro alguém,
Imperfeito o terreno onde pisas... E eu também!

Quem será o próximo para decidir a nossa sorte,
Porque deixei eu de acreditar na falsidade e na hipocrisia,
Chegaste ao teu cenário de morte.. Adeus Carlos até um dia!